14 de out. de 2015
Birras: o que fazer?
“O comportamento é a ligação entre organismos e o ambiente, e entre o sistema nervoso e o ecossistema. O comportamento é uma das propriedades mais importantes da vida animal. O comportamento tem um papel fundamental nas adaptações das funções biológicas. O comportamento é como nós definimos nossas próprias vidas. O comportamento representa a parte de um organismo através da qual ele interage com o ambiente. O comportamento é parte de um organismo tanto quanto sua pele, suas asas etc. A beleza de um animal inclui seus atributos comportamentais.” (Snowdon, 1999)
Mas o que é a birra?
No dicionário Larousse da Língua Portuguesa o verbete birra significa teimosia, zanga, capricho, assim como comportamento da cavalgadura quando ferra os dentes em alguma coisa. A birra, portanto, está relacionada com a raiva diante da oposição e frustração.
É inevitável que as crianças, algumas vezes, tentem ultrapassar os limites que lhes foram previamente estabelecidos. No entanto, muitas crianças, ao serem confrontadas com exigências, regras e limites, reagem com birras, agressividade ou choro. As birras são parte da condição humana, próprias das crianças, uma vez que fazem parte do crescimento e de uma tentativa de construir a sua identidade pessoal.
A discrepância entre a autonomia que a criança quer e a dependência desta aos pais leva muitas vezes às birras
Um dos principais efeitos que as birras provocam na relação entre pais e criança é a tensão, e como o controle nem sempre é conseguido, os pais são conduzidos a um ponto em que não conseguem centrar-se nas técnicas e estratégias mais adequadas para orientar os comportamentos da criança, o que, por sua vez, poderá dificultar o controlo das suas próprias emoções.
Compreender que as birras são normais ajudará os pais a manter-se calmos, algo que é essencial.
Os pais, manifestam-se tão assustados e envergonhados com tal atitude que acabam por dar o que a criança deseja. Podem até chegar a ameaçar com um castigo, mas raramente o cumprem, uma vez que a sua incapacidade de manter os limites é tão grande que não conseguem manter-se firmes.
Em alguns momentos, podemos pensar que o comportamento de birra dos filhos pode estar relacionado à inconsistência dos comportamentos dos pais, pois, frequentemente, quando os pedidos das crianças são negados por eles, estes apresentam comportamentos de choro, grito, jogar-se no chão, insistindo nas suas necessidades; momentos em que os pais acabam por ceder e atendem o que outrora fora negado, caracterizando, assim, a inconsistência do seu comportamento e oferecendo, aos filhos, reforçador intermitente, bastante poderoso na manutenção de respostas.
Nossos comportamentos são mantidos por reforço, entende-se por reforço qualquer operação que altere a chance de uma resposta ocorrer no futuro. Desta forma, quando a criança inicia o comportamento de birra e os pais cedem ao pedido da criança, eles estão aumentando a probabilidade que a birra ocorra mais vezes no futuro. A criança a partir deste momento relaciona o comportamento de birra ao fato de conseguir o que deseja, estabelecendo assim o que Skinner denominou de condicionamento operante (CO), ou seja, modelamos o comportamento da criança para a birra.
O CO descreve a relação entre o comportamento e as consequências. Uma resposta operante é aquela que se produz sem a presença de um estímulo incondicionado, ou seja, é um comportamento voluntário. Será então um processo através do qual aprendemos a dar respostas de forma a obter um benefício ou a evitar algo desagradável. Desta forma a frequência das respostas depende das suas consequências, ou seja, uma resposta que tenha uma consequência benéfica para o sujeito tende a aumentar a probabilidade de que a resposta ocorra, já um comportamento que tenha uma consequência desagradável, aumenta a probabilidade de que a resposta deixe de ser emitida.
Neste momento os pais devem estar se perguntando em como extinguir o comportamento de birra?
Bem, o procedimento de extinção consiste em suspender o reforço para uma resposta condicionada, neste a resposta deixa abruptamente de ser reforçada. O comportamento em extinção apresenta um decréscimo gradual na frequência da resposta até que ocorra, no máximo, com a frequência apresentada antes do condicionamento ou deixe de ser emitida. Desta forma a omissão de reforço é o procedimento para se obter o declínio gradual de uma resposta condicionada.
No procedimento empregado para que ocorra a extinção de um comportamento pode-se observar o fenômeno denominado “extinction burst”. Este fenômeno pode ocorrer quando o processo de extinção se inicia, acontecendo um aumento temporário da frequência da resposta (comportamento) emitida, e seguido pelo declínio do comportamento de forma brusca. E neste momento os pais devem se manter firmes em não ceder aos pedidos da criança, pois caso isto ocorra a birra se tornará mais intensa e não será extinta.
Segue algumas dicas do que é possível ser feito:
1- Deixar as regras da casa muito claras para a criança
2- Uma atitude permissiva não leva jamais a resultados positivos.
3- Diante uma birra, é sempre de evitar frases do tipo “vou-te deixar-te aqui “ ou “ a mãe já não te quer porque tu és feio”, uma vez que as mentiras devem ser sempre evitadas
4- Evite repreender ou agir no momento em que a birra está acontecendo, afaste-se um pouco da cena e comporte-se com naturalidade.
5- Mais tarde, em casa, se ele já tiver mais de 3 anos, poderá sentar-se e manter uma conversa sobre o assunto, explicando-lhe que esse tipo de atitudes não o levam a lado nenhum, uma vez que os pais não cedem a chantagens .
6- Não perca o controle: seja firme, mas também acolhedor
7- Não ceda aos apelos da criança e mantenha a palavra
8- Dê bons exemplos, não saia batendo porta dentro de casa por exemplo.
9- Estabeleça castigos proporcionais às birras e as idades e não se sinta culpado depois.
10- Não insista em conversar na hora da raiva
11- Valorize e qualifique a criança sempre que possível, ou seja reforce positivamente o bom comportamento da criança depois de um ataque de birra
Quem não conhece o menino que leva a bola do jogo para casa quando seu time está perdendo? E aquele que faz careta quando vê um prato de sopa ou torce o nariz quando a mãe põe na mesa a salada que faz tanto bem à saúde?
Pois o protagonista desta história era assim, só que ia muito além da cara feia: quando contrariado, quando ouvia um não, ele chovia. E não era qualquer chuvinha, não. Era temporal, tempestade, com raios e trovões de verdade. O pai, a mãe, os avós, a empregada, ninguém sabia o que fazer, ficavam todos apavorados, e todos tentando de tudo para o menino parar de chover. Um dia veio a gota d’água: ele simplesmente inundou a casa, e o que aconteceu é que a calamidade acabou sendo providencial. Foi ali, no meio da inundação, que os adultos encontraram a solução para o aguaceiro, para ajudar o menino mimado a ver o mundo com outros olhos e deixar a chuva só para os dias em que acordava muito mal-humorado.
Cláudio narra a história do menino das lágrimas sem usar em nenhum momento o verbo “chorar” ou o substantivo “choro”. Ágil, divertida, sua narrativa em versos revela com sutileza todo o jogo de contradições emocionais que agita o cotidiano das personagens. O enredo se arma como uma seqüência de cenas curtas e expressivas, o que pode inspirar, em sala de aula, um bom exercício de teatralização.
Referências:
Bussab, V.S.R (2000) Fatores hereditários e ambientais no desenvolvimento: a adoção de uma perspectiva interacionista. Psicologia Reflexão e Critica. vol.13 n.2 Porto Alegre
Catania, A. C. (2006) Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição; trad. Deisy das Graças de Souza. Porto Alegre: Artes Médicas
Kandel, E. R.; Schwarts, J. H.; Jessell, T. M. (1995) Fundamentos da neurociência e do comportamento. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil LTDA.
Matos, M. A. (1995) Behaviorismo metodológico e behaviorismo radical IN Bernard Rangé (org) Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas, Editorial Psy, 1995
Skinner, B.F. (2003) Ciência e comportamento. São Paulo. Martins Fontes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário