14 de out. de 2015

Alunos de 1º e 2º anos- séries iniciais - dificuldades de aprendizagem





Terminando o terceiro bimestre já se sente uma apreensão entre os professores que vão delineando nas suas turmas os alunos que estão vencendo os conteúdos e os que demonstram quase um fracasso, após todas as intervenções possíveis.
Considerando que o processo de aprendizagem se vincula necessariamente a fatores biológicos, psicológicos e culturais, há uma multiplicidade de causas que pode centra-se no aluno, na família, no meio social, na escola, assim como nas características próprias de cada um, sua interação familiar e social, processo ensino/aprendizagem e o próprio sistema.
O Impacto da Pedagogia pretende abordar situações de dificuldades que se encaixam em um fator ou na soma de vários fatores, observados e analisados no cotidiano de alunos com queixa de dificuldades, e a partir dessa análise, sugerir reflexões sobre o saldo de quase um ano de ações pedagógicas que determinaram fracassos e sucessos.
A criança, a família e a aprendizagem
Desde que surgiu a sociedade industrial que a mulher, ao ser incorporada ao mundo do trabalho, fora do lar, passou a ter uma dupla jornada: o trabalho remunerado e cuidar da família. As mulheres pobres sempre trabalharam A dificuldade de cuidar dos filhos levou as mulheres a passar a educação dos filhos para as escolas, creches e cuidadoras.
Sabe-se que toda aprendizagem começa em casa, com a família e de forma espontânea, são aquisições importantes que vão determinar o desenvolvimento de capacidades e habilidades não somente na escola, como em toda sua vida.
É na família que os comportamentos infantis sedimentados pela vida diária, repetidos e exemplificados, vão organizando o mundo interno da criança, sua percepção da vida social, condutas e hábitos que serão formalizados futuramente na escola.
O tempo atual, em permanente transformação social, está modificando os costumes, valores, modos de pensar e modos de aprender. As crianças, com a ausência das mães e o tempo que necessitam delas, para assimilarem os conhecimentos elementares, como: deixar de usar fraldas, tomar banho sozinho, pentear os cabelos, se alimentarem... resumindo, adquirir autonomia, estão com o desenvolvimento falho. (veja “Desenvolvimento Infantil – A importância dos primeiros anos de vida- clicando
aqui)


Estudiosos como Luria e Vigotskii (Luria, 1990; Vigotskii, 1988) já apontavam a importância dos fatores ambientais para o desenvolvimento social e mental da criança. Os pais, durante o seu convívio diário com a criança, direcionam o comportamento dos filhos com vista a que estes sigam certos princípios morais e adquiram comportamentos que irão garantir independência, autonomia e responsabilidade.
Em meio á tantas mudanças sociais, o MEC estabelece o Ensino Fundamental de 9 anos com fins de assegurar a todas as crianças um tempo mais longo no convívio escolar, mais oportunidades de aprender e um ensino de qualidade. A intenção é fazer com que aos seis anos de idade a criança esteja no primeiro ano do ensino fundamental e termine esta etapa de escolarização aos 14 anos.
E o que se pode sentir é que muitas crianças, estão entrando na escola mais cedo, sem passar por todo esse processo natural de desenvolvimento: sem a maturidade e autonomia que dão o suporte para a aprendizagem.


Um exemplo da aquisição de autonomia, na idade escolar, é, por exemplo, a professora querer que criança diga a sua preferência ou deixá-la escolher a realização de uma atividade (Nucci et al. 1996); e em casa, é quando os pais solicitam à criança a colaboração na realização de atividades quotidianas como “pôr a mesa”, “fazer a cama”, “arrumar os brinquedos” (Pereira, 1998).
Há um grande número de crianças que não estão acompanhando a turma na aprendizagem, principalmente nos 1º e 2º anos das séries iniciais, não adquiriram autonomia e maturidade. Não passaram pela fase da construção dos conhecimentos do cotidiano. Estão na escola quando queriam estar em casa brincando. Muitos não amarram o cadarço do tênis, fazem ainda uso de chupeta, mamadeira, fralda descartável, á noite, antes de dormir. Recebem comida na boca, não penteiam os cabelos sozinhos, não escovam os dentes... e por aí vai. Com 6, 7 anos ainda estão sendo tratados como bebês. Falta de tempo para ensinar? Comodismo das mães e cuidadoras? Ensinar as atividades da vida diária demanda tempo e paciência.
As habilidades simples e concretas da vida diária são básicas para o desenvolvimento de outros estágios mais avançados. Os processos de aprendizagem mais complicados são construídos a partir dos mais simples, suporte para os mais complexos e abstratos.


O professor, preocupado com esses alunos, os encaminham ás Equipes de Apoio á Aprendizagem, pois surge a suspeita do aluno com necessidade educacional especial; e quando as crianças vão para o atendimento especializado, as mães são entrevistadas e a investigação aprofundada, chega-se a conclusão de que vários fatores juntos causam a dificuldade de aprendizagem.
Estes alunos quando chegarem ao 3º ano, se permanecerem neste quadro, serão encaminhados ao diagnóstico psicopedagógico, e quantos serão diagnosticados como ANEEs, sem serem portadores de transtornos da aprendizagem?


O que fazer? Um trabalho com a família. Aqui entra o papel fundamental da Orientadora Educacional da Escola. Pois a escola não pode suprir a ausência da mãe neste estágio de desenvolvimento.
Esse conjunto de fatores, analisados pelo prisma do aspecto social, falha no desenvolvimento da criança pela falta de estímulos externos, detectada em crianças de 1º e 2º anos com dificuldades de aprendizagem não se restringe á casos isoladas, mas é preciso observação e investigação aprofundada, pois as causas são muito semelhantes em casos de dificuldade aprendizagem transitórias e um transtorno, como por exemplo, a não aquisição, ou um desenvolvimento precário das Funções Executivas, também responsáveis pelo desenvolvimento da autonomia, que apresenta resultados idênticos, e que tem característica mais de disfunção neurológica.

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